segunda-feira, março 26, 2007

Um muito obrigado... meu Opel Corsa!


Este fim-de-semana fica marcado pela separação definitiva entre o meu primeiro carro e eu. Não há volta a dar, a nossa relação vinha-se a deteriorar nos últimos meses, sendo esta ruptura inevitável e esperada. A partir deste momento, cada um escolherá o seu caminho, sem rancor, sem mágoa porque o tempo em que passámos juntos, esse, ninguém nos tira.

É com saudosismo que recordo a primeira vez que te vi, naquele fim de tarde soalheiro, no já longínquo ano de 2000. Lembro-me como se fosse hoje, encostado num canto, sozinho, cabisbaixo, abandonado à sorte. “E aquele ali? Está à venda?”, apontando-te o dedo. “Tem mesmo a certeza? Já está aqui parado há alguns meses”, respondeu-me o vendedor. “Sim, tenho! Quero aquele carro.”

Os primeiros tempos foram desafiadores para ambos. Ainda tinha pouca experiência a conduzir e tu estavas enferrujado pelo facto de teres estado tanto tempo parado. Tiveste tanto tempo parado, que, no primeiro Inverno nas minhas mãos, decidiste criar cogumelos em dias de maior humidade, de tal forma que passaste a ser uma atracção turística no seio dos meus amigos e conhecidos.

Também algumas vezes deixaste-me ficar mal, não querendo trabalhar em sítios menos oportunos, como naquela vez, enquanto atalhava caminho pelo meio da Cova da Moura, teres decidido que ali era um bom local para ir abaixo e deixar de trabalhar.

Lembras-te daquele dia em que o céu se transformou em trevas, desabando em cima de nós uma violenta tempestade? De vidros embaciados porque a sofagem há muito que deixara de funcionar, de um momento para o outro, em plena IC19, o motor do limpa pára-brisas cedeu e quase que caímos por uma ribanceira abaixo… recordações…

Recordo-me do dinheiro que gastava mensalmente em óleo Norauto porque eras um glutão insaciável. Meu maroto, 1litro de 500 em 500 kms não te chegava… pedias sempre mais, mas para ti dava-te tudo…

Foi contigo que aprendi o que era um motor a trabalhar a 3 cilindros, a improvisar os problemas mecânicos com braçadeiras de plástico, a mudar pneus furados, a conhecer pessoal da assistência técnica em viagem, o sistema corrupto das inspecções periódicas e a negociar com os vendedores de Ferro-velho…

Mas o melhor das recordações foi aquele beijo que me permitiste trocar, em plena noite de Verão de lua cheia à beira mar plantado…

Um muito obrigado… Opel Corsa!