terça-feira, fevereiro 27, 2007

Nudismo? Eu?

Uma vez fiz nudismo integral numa praia da Comporta (pouco depois de Tróia), ainda era um catraio. Não estava mais ninguém sem ser eu, os meus pais e a minha irmãzita (bebé na altura) e devo ter ficado traumatizado com esse dia porque jamais consegui mostrar a brancura das minhas nádegas a mais alguém. O facto de os meus pais estarem também nus, não me ajudou em nada, pelo contrário. “Vamos jogar raquetes meu filho? Ou jogar à bola? Ou ir dar um mergulho?”. “Nã… deixa estar pai, prefiro estar aqui estendido ao torrão do sol a ler a banda desenhada do Patinhas…”. Só o facto de ter de me levantar para fazer qualquer coisa, aterrorizava-me… a sério.

Lembro-me perfeitamente que um dos meus maiores receios na altura seria o de estar na água e que, num ápice, um tubarão me apanhasse desprevenido e… zás… lá ia o meu Sto António para o estômago do animal (é o nome que dou ao meu compincha, Sto António porque faz milagres…). Pronto, ok, afinal só tinha 11 anos e tinha ainda na retina o célebre filme “O TUBARÃO”, seria normal este medo irracional e, confesso também, que naquela altura não tinha nada que me pudesse orgulhar para poder mostrar numa praia… o Sto António ainda era muito “pequerruxinho”.

Entretanto, quando cheguei à fase das sebosas borbulhas, o meu interesse por raparigas cresceu de forma exponencial, tal como o meu “companheiro de jornada” e as minhas primeiras idas à praia eram como um doce aroma de café da manhã, excitantes. “Olha-me só para aquela boazona… está descascada e tudo… comi-a toda…ui ui” comentávamos nós, mero grupo de adolescentes com a testosterona aos saltos. Foi aqui, nesta fase da minha vida, que percebi porque razão os homens, quando se deitam de barriga para baixo, têm de fazer um pequeno buraco na areia, mesmo na zona lombar… e também o de passarem muitas horas nessa mesma posição. De vez em quando, lá vão refrescar a máquina nas águas gélidas do oceano, mas logo depois voltam a colocar-se na mesmíssima posição a que estavam anteriormente. Se assim não fosse, muitos casamentos já estariam arruinados: “José Fonseca Silva da Costa Ferreira, porque é que tens a antena ligada a esta hora? Hum? E porque é que estás a olhar para aquela mulher com esse olhar de depravado? Hum?... “

Já repararam que quanto mais fula está uma mulher, mais pelos nomes chama pelo marido? Quando está feliz trata por “Mor”; amuada “Zé”; zangada “José Fonseca”; quando está super chateada quando vê o marido a galar uma gaja trata por “José Fonseca Silva da Costa Ferreira”. É ou não é?

Bem, voltando novamente ao ponto onde parei… nessa mesma altura fazia natação regularmente e era obrigado a partilhar o mesmo balneário com outros homens, na maioria muito mais velhos do que eu. Na hora do despir e do vestir era a festa da mangueira, andavam todos nus e aos pulinhos a fazer o aquecimento com “aquilo” a traulitar ora para cima para baixo ora para os lados. Na minha ideia era mais uma competição que havia entre eles para ver quem tinha o membro mais avantajado. Eu e os da minha geração competíamos na classe em quem tinha mais pêlos púbicos para a idade. Pensando bem, aquilo tudo era muito deprimente… preferia estar no balneário das raparigas, ainda tentei, mas não me deixaram… há com cada injustiça neste mundo…

Após ter passado a febre das borbulhas sebentas, pensava eu que estava preparado para me despir quando quisesse e em que situação fosse, sem me preocupar muito com que as outras pessoas pensassem, no entanto, o meu corpo não parou de mudar, e após me terem desaparecido as borbulhas, surgiu-me um novo problema, o surgimento de pêlos em sítios inoportunos. Não percebo a função dos pêlos num Homem em pleno século XXI. Por exemplo, alguém me explica para que serve ter duas nádegas cobertas de pêlo? É para aquecer do frio? Não me parece. Até nos dedos dos pés nasceram-me três pelitos… só visto. Talvez as mulheres não compreendam a importância destes factos, como nós não compreendemos o facto de estarem sempre preocupadas com o peso. Mas não me parece que vá mostrar as minhas nádegas em público para ouvir comentários do tipo “Papá, olha-me aquele macaquinho ali a entrar na água… quero um igual para o Natal...”